UM
LIVRO ABERTO
Rev.
Brian Gordon Lutalo Kibuuka
(clique aqui para baixar este texto)
/
(texto de ontem)
/ SEÇÃO DE ARTIGOS
“Livro
da Genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão.”
(Mateus 1.1)
O
evangelho de Mateus tem início com a descrição
das origens de Jesus.
O
próprio evangelho é chamado de “livro”
por Mateus (v.1).
O
que Mateus queria fazer é mostrar que a vida de Jesus
era um livro aberto. Um livro escrito por anos, por sucessivas
gerações (v. 17).
Os
pólos destas gerações são Abraão,
o pai da fé (Rm 4.18); e Davi, o homem segundo o coração
de Deus (1 Reis 15.3).
Entre
os pólos, “muitos e muitas” limalhas cortantes...
muitos escândalos... muitas histórias de fé
e de incredulidade. A vida de Jesus, em Mateus, é um
livro aberto não apenas para a observação,
mas para a compreensão da própria vida de Jesus.
Uma
das marcas da humanidade de Jesus é ter o mesmo sangue
de traidores, ladrões, prostitutas... mas sem se deixar
contaminar por eles. Ter o mesmo sangue de sacerdotes, reis
e profetas, e não necessitar de tronos, templos e honras
humanas para provar serem estes seus legados.
A
necessidade da vida de Jesus está na morte advinda do
primeiro pecado, responsável pelos pecados da sua ascendência...
Está
na mortificação a que se sujeitou Abraão,
que abandonou sua terra e parentela e, dia a dia, aguardava
a descendência que não vinha (Gn 12.1-2).
Vinha
da morte de Isaque, que foi sacrificado no monte e saiu dali
vivo, como Jesus (Gn 22.1-13).
Vinha
de Jacó que, diante dos erros do passado, morreu nas
águas do Jaboque e ressurgiu como Israel (Gn 32.21-32).
Vinha
de Judá, que declarou ser a morte o justo castigo do
adúltero e do desonesto, e acabou por necessitar de expiação
por ser ele mesmo o culpado do que condenava (Gn 38.24).
Vinha
de Tamar, envergonhada por ser negada a ela descendência
e sustento, sendo estes obtidos da sua capacidade de persuadir
e enganar o responsável pelo seu opróbrio (Gn
38.1-30).
E
até aqui se viu que a morte era o destino de Jesus pois
sua história pregressa é escrita com o sangue
dos peregrinos, dos sacrificados, dos envergonhados. A vida
de Jesus era um livro aberto desde antes dele nascer.
Diante
disto, vê-se que Jesus escolheu seu destino de separar
irmãos e pais quando sua história mostra Perez
e Zera separados desde o nascimento (Gn 38.27-30), tal como
o reino dos Céus se distingue dos domínios terrenais
por ser o primogênito que assume seu lugar à força
(a força de Deus – Mt 11.12).
No
livro aberto da sua história, vê-se Rute e sua
busca de pão frustrada em terras estrangeiras (Rt 1.6-7),
prenunciando o Pão da Vida que só pode ser achado
onde dois ou três se reúnem no seu nome (Mt 18.20).
Vê-se
em Davi, cujo reinado demonstra as fraquezas que o rei Jesus
venceu, pois enquanto Davi matou a Urias com o seu poder (II
Sm 11.1-27), Jesus foi morto por seu poder, sendo ele mesmo
o sacrifício. Diante das suas derrotas, Davi está
diante do Senhor que, à direita de Deus, põe os
inimigos debaixo da planta dos pés. Jesus é a
Raiz de Davi que venceu (Ap 5.5).
Vê-se
em Acaz, que os filhos passou pelo fogo e sacrificou a deuses
estranhos (II Rs 16.1-20), contrastando com o puro sacrifício
de si mesmo exigido na aliança com Deus e só realizado
por Jesus (Mt 26.28).
Vê-se
em Ezequias, rei que restaura a páscoa para os israelitas
e judeus (II Rs 23.22), enquanto Cristo restaura para toda a
humanidade (I Co 5.7).
Vê-se
em José, que amou Maria, mas muito mais a Deus, por recebê-la
crendo no impossível de sua gravidez pelo Espírito
Santo (Mt 1.24).
Vê-se
em Maria, bem-aventurada entre as mulheres, pelo fato de ter
em seu ventre o bem-aventurado Filho de Deus (Lc 1.26-38).
A
genealogia de Jesus é o que Mateus diz: um livro aberto,
expondo as chagas que Jesus curou quando sofreu em nosso lugar.
Um livro aberto para mostrar que, diante de Abraão, diante
de Davi e diante de nós, só ele é digno
de se chamar “o Cristo”.
|